O diretor da maior editora
universitária dos EUA diz que a tecnologia terá impacto comparável aos
tipos móveis de Gutenberg na difusão do saber

Garret Kiely comanda a maior editora universitária dos Estados Unidos, a
da Universidade de Chicago, que publica em média 300 títulos por ano,
edita 60 periódicos especializados e emprega 250 pessoas. À frente de
seus concorrentes, Kiely aceitou prontamente o desafio de incorporar aos
negócios os avanços tecnológicos dos últimos anos. Praticamente todos
os lançamentos da editora podem ser adquiridos no formato tradicional, o
papel, ou no digital, o e-book. Além disso, a comunidade da editora nas
redes sociais é fiel e ativa. "Hoje, esse é o meio mais eficaz de
alcançar nossos consumidores", diz Kiely. Ele compara a atual mudança à
revolução protagonizada pelos tipos móveis de Gutenberg, que no século
XV permitiram que os livros fossem produzidos em larga escala, ampliando
o acesso de homens e mulheres à cultura escrita. "O desenvolvimento dos
e-books é apenas o primeiro passo desse processo. O público consumidor
está sedento por novas formas de descobrir e empregar conhecimento."
Em breve, pais decidirão: dar uma pilha de livros ou um tablet aos filhos

Acervo, em formato digital,
de obras voltadas a crianças e adolescentes cresce. Para educadores,
leitura no dispositivo não traz prejuízos ao aprendizado. O escritor italiano Italo Calvino dizia que clássicos são os livros que
propagam valores universais e despertam emoções que, a despeito do tempo
decorrido desde a leitura, jamais são esquecidos. "Constituem uma
riqueza para quem os tenha lido e amado", escreveu. Cientes dessa
riqueza, geração após geração, muitos pais se preocupam à certa altura
da vida em reunir esse tesouro em uma estante, presenteando os filhos
com uma seleção dos melhores livros. A tecnologia vai adicionar, de
maneira crescente, uma questão a essa tarefa: franquear aos filhos uma
coleção de livros ou um tablet ou e-reader, o leitor de livros digitais
(ebooks), aos quais clássicos e outras tantas obras podem ser
adicionados? Sim, muitos clássicos já estão disponíveis para tablets e e-readers,
muitos mais estão a caminho e o mesmo vale para obras contemporâneas que
servem à formação e ao deleite de crianças e adolescentes.
A ideia de tirar o tradicional livro impresso das mãos das crianças e
trocá-lo por um iPad, da Apple, ou similar pode assustar os pais. Mas
não causa a mesma reação nos estudiosos. Para estes, não existem
restrições para leitura na nova plataforma. "O universo digital exerce
fascínio nos jovens e, com ajuda dos tablets, pode apresentar a leitura
para esse público de forma surpreendente", afirma Marcos Cezar Freitas,
pedagogo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O preço é também um atrativo. Superada a aquisição do próprio
dispositivo (a partir de 1.700 reais, no caso do tablet, e 650 reais,
para o leitor de ebook), compra-se obras de Machado de Assis e Eça de
Queirós, por exemplo, por menos de 4 reias nas lojas virtuais da Apple e
da Amazon. A versão impressa sai, no mínimo, pelo dobro. Na loja
virtual Aldiko, para a tecnologia Android, sistema operacional que dá
vida ao Galaxy Tab, há obras gratuitas – ainda em pequeno número em
português, é verdade. Mas essa oferta deve crescer à medida que cresça a
demanda – e vice-versa: a procura maior deve forçar a oferta de mais
títulos. "A tendência é de expansão", diz Lerner, da Melhoramentos. Para
quem ainda se assusta com a ideia de ver uma criança lendo clássicos
próprios para a idade como
A Ilha do Tesouro ou
Vinte Mil Léguas Submarinas em um tablet, vale a lição de Ismar de Oliveira Soares, da USP: o que importa é o conteúdo.
Fonte:
Veja. Abril
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